Pertencer é sentir que pode ficar.
O pertencimento – ou a falta dele – não se comunica em palavras; se sente. Está no olhar que acolhe ou que afasta, na escuta ativa ou na interrupção constante.
IMPROVISO DA SEMANA
Por Jordania Costa, Consultora da DTG Brasil.
Atendendo diferentes empresas, vejo que a sensação de inclusão (ou a falta dela) se manifesta de formas bem sutis, porém, profundamente significativas. Está na escolha das palavras em uma reunião, na forma como a decisão é compartilhada, na composição de uma equipe que, sem intenção declarada, repete padrões que excluem.
Muitas organizações falam sobre acolher, sobre integrar, mas poucas se perguntam: como as pessoas realmente se sentem em relação ao lugar onde estão? Estamos, de fato, criando um ambiente onde as pessoas se sentem parte, ou apenas estamos tentando nos adequar a um padrão que já existe? O pertencimento não é apenas estar presente fisicamente – é sobretudo ser considerado ou considerada. Já vi empresas em que o pertencimento acontece de forma tão natural, tão orgânica, que não precisa ser anunciado ou reforçado a cada momento. Infelizmente, também já presenciei o oposto, onde a falsa sensação de pertencimento permeia o ambiente.
Em um dos projetos que acompanhei, uma liderança afirmou com convicção que já havia criado um ambiente de pertencimento e escuta. No entanto, ao ouvir as pessoas, ficou claro que havia uma grande dificuldade em serem ouvidas de fato. Esse distanciamento gerou gargalos que não apenas afetaram a dinâmica interna, mas também impactaram negativamente a relação com o cliente externo.
O pertencimento não se cobra – ele se constrói. É um movimento que se consolida nas práticas diárias de respeito, escuta e reconhecimento. Ele se materializa quando todas as pessoas encontram espaços seguros para se expressar, para ocupar e para construir coletivamente.
Em um contexto de real pertencimento, ninguém precisa lutar por um lugar à mesa, porque ele já lhe pertence. E quando é verdadeiro, ele vai além das aparências, evoluindo de um lugar em que é negligenciado para um onde ele é realmente vivido.
BORA APROFUNDAR?
• No livro Tudo sobre o amor: novas perspectivas, bell hooks explora o amor como ato de cuidado, respeito e pertencimento. Ela vai além das relações românticas para discutir como o amor genuíno cria espaços de acolhimento e transformação, tanto nas relações pessoais quanto nos ambientes coletivos, como no trabalho.
• O TEDx The cost of code switching, de Chandra Arthur, explora como pessoas negras muitas vezes sentem a necessidade de “se adaptar” para serem aceitas em ambientes corporativos e sociais, e os impactos dessa adaptação na sensação de pertencimento.
BORA ESCUTAR?
Para conectar com essa atmosfera, sugiro que ouçam o álbum “We Get By” da Mavis Staples, que traz uma mensagem forte sobre comunidade, resistência e acolhimento, tudo isso com uma sonoridade que mistura soul, gospel e blues.
BORA EXERCITAR?
A colaboração genuína é um instrumento potente de inclusão e construção de pertencimento. E uma das formas de fazer isso na prática é empoderar as pessoas para a liderança e a condução de práticas colaborativas dentro das empresas. O programa presencial Facilitação e Liderança de Processos Criativos e Colaborativos é uma excelente oportunidade para você e sua equipe desenvolverem essas habilidades. Aproveite o desconto de 30% para assinantes da Bebop e grupos de colaboradores e garanta já a sua vaga.