Engajamento: em busca do santo graal nas organizações.
Por que engajar as pessoas é tão importante?
Olá, tudo bem?
Esta é a edição #26 da nossa newsletter, que chega trazendo um tema que emerge com relevo no nosso dia a dia: a necessidade de engajamento das pessoas para o sucesso de qualquer estratégia, plano, projeto ou iniciativa.
Redes sociais, blogs, podcasts e publicações de negócios parecem ser unânimes ao propagar que padecemos de falta ou dificuldade de engajamento nas organizações. Um mal generalizado que compromete não só o sucesso dos negócios, mas também a saúde do ambiente de trabalho. Assim, é preciso investigar e compreender melhor esse fenômeno a partir de quem importa de fato: as pessoas, tanto no plano individual quanto no coletivo.
É a essa investigação – menos científica e mais empírica – que dedicamos esta edição.
Boa leitura :)
Precisamos uns dos outros e isso precisa ser assumido além da obviedade.
Por Rubens Aguiar
Stacy Milrany- Give Me Your Hand, mixed media on panel, 2020
Organizações precisam de seus colaboradores para funcionar e realizar seus negócios. Além da obviedade da constatação, precisamos discutir a natureza e as implicações dessa necessidade.
A divisão do trabalho consolidada na Revolução Industrial deu origem ao que eu chamo de “cadeia de necessidades intrincadas”. Um emaranhado de demandas encadeadas que estabelecem relações de dependência entre as áreas de uma organização, raramente concebidas sobre as bases da colaboração. Tais relações se sustentam apenas nas pequenas trocas de valor que acontecem quando algo é pedido por um e entregue por outro. Na prática, o que constitui essas relações é: “me entregue o que eu pedi, do jeto que eu pedi, que está tudo certo”. Será?
Quando se pensa em trabalho colaborativo, à primeira vista pode-se vislumbrar um grupo de pessoas trabalhando juntas por um resultado em comum. Entretanto, a colaboração excede sua etimologia e aponta para um fazer que inclui a dimensão criativa e singular do indivíduo na construção de um coletivo interdependente, não apenas em seu aspecto processual, mas, especialmente, na sua dimensão holística. Nesse sentido, colaborar é reunir as pontencialidades individuais – a força produtiva dos indivíduos é apenas uma delas; o olhar crítico e a criatividade são outras – numa amálgama capaz de ressignificar contextos e modificar realidades.
Colaborar pressupõe abraçar a alteridade, essa interdependência que se constitui na diferença e no contraste entre as pessoas. Não se trata de reunir mais braços, mas de convergir cérebros e corações a partir da riqueza de suas divergências. Precisar do outro, em toda a sua integridade, revela talvez a maior virtude de sermos humanos: o caráter relacional da nossa existência, fundado na essência amorosa de dar e receber.
“A aceitação do outro junto a nós na convivência é o fundamento biológico do fenômeno social. Sem amor, sem aceitação do outro junto a nós não há socialização, e sem esta não há humanidade”
Humberto Maturana
Colaboração pode ser promovida, mas precisa ser desejada. Convocar, reunir e delegar são apenas externalidades que ensejam algo mais profundo – o engajamento. Compartilhar um ideal, um propósito ou objetivo que se possa construir juntos talvez seja o vetor de engajamento mais alardeado nas organizações. Contudo, pode-se conseguir engajamento quando um líder ou membro de uma equipe inspira confiança, mesmo sem algo maior que os mobilize. Engajar, portanto, não é ação utilitária por si, apesar de ter grande utilidade. Trata-se, sobretudo, de uma adesão que implica em envolvimento e comprometimento que suplantam a mera participação em uma iniciativa ou a simples execução de tarefas. Ao diferenciar uma coisa de outra, separamos o joio do trigo, pois enquanto o primeiro não gera uma semente proveitosa, o segundo fornece o gérmem do que será transformado em alimento.
Equipes colaborativas precisam ser constantemente alimentadas para renovar seu engajamento e se sentirem relevantes e coautoras de qualquer transformação. Os alimentos da colaboração podem ser muitos. Destaco entre eles:
a horizontalidade e a confiança nas relações;
uma liderança inspiradora;
a liberdade para falar e um ambiente acolhedor para fazer isso com segurança;
a cocriação, em que a autoria tem menos menos valor do que a relevância daquilo que é gerado;
as práticas recorrentes que se materializam em ritos de colaboração.
Assim, a colaboração favorece o engajamento que, por sua vez, reforça a colaboração, criando um círculo virtuoso. Exige desprendimento de quem participa e coragem de quem a promove. E requer um interesse legítimo pelo outro, sem o qual qualquer iniciativa dessa natureza será mero confete. Você está preparado para isso?
Facilitação é habilidade bastante desejada dentro das empresas; procura por formação cresce.
Cada vez mais vemos organizações mobilizando equipes em formatos colaborativos para resolver seus desafios. O que antes era feito somente por intermédio de consultorias especializadas, hoje acontece também pelas mãos de colaboradores que lideram processos criativos dentro das empresas onde trabalham.
Facilitar workshops ou conduzir sprints passou a figurar entre as habilidades valorizadas pelas empresas. Na prática, tem muita gente fazendo curso de Facilitação, mas poucos estão colocando a mão na massa em seus contextos de trabalho. Um dos motivos? Formações teóricas que ensinam os princípios mas não os exercitam na prática.
Desde 2018, a DTG Brasil oferece treinamentos em Facilitação, tanto na modalidade aberta quanto in company. Em novembro, teremos mais uma edição aberta do programa, que é o mesmo oferecido pela DesignThinkers Academy em Amsterdã, Londres, Nova York, Singapura, Bucareste, Cidade do Cabo e Hong Kong.
Utilizamos essa abordagem única no Brasil, baseada em prática, ‘Learn by Doing’, em que todos os participantes têm a oportunidade de facilitar sessões colaborativas e receber mentoria/feedback dos instrutores. Assim, os participantes podem aprender da melhor maneira a facilitar workshops no seu trabalho e se apropriar de habilidades de liderança empática, ágil e dinâmica.
As incrições para a próxima turma em novembro estão abertas com descontos especiais para quem se inscrever antecipadamente. É só chamar a gente aqui. Bora fazer?
Engajamento é fator decisivo para o sucesso de uma estratégia corporativa.
Fazer o planejamento estratégico de uma empresa pressupõe, basicamente, dois tipos de desafios:
o de desenhar uma estratégia capaz de transformar o negócio e proporcionar sua sustentabilidade;
e o de executá-lo com disciplina e capacidade de adaptação.
Em ambos os desafios, a necessidade de envolver as pessoas é incontestável.
Estratégia se concebe a partir de uma visão de futuro que vislumbra o que a empresa quer ser, mas que também considera os aprendizados adquiridos ao longo de sua trajetória. É comum vermos, no entanto, a alta liderança de algumas empresas definir suas estratégias sem levar em conta o conhecimento e as percepções de pessoas importantes dentro da organização, em geral daquelas que desempenham papéis essenciais no relacionamento com os clientes. Estratégias definidas dessa maneira tem maior risco de não serem compreendidas e abraçadas por toda a organização, pois carecem de conexão mais íntima com quem vive o dia a dia do negócio.
É comum encontrar líderes que reclamam de falta de engajamento dos colaboradores na execução da estratégia, mas que pouco fazem para envolvê-los nessa reflexão. E se você não envolve as pessoas na hora certa – sobretudo no início do processo – mais dificuldade terá de envolvê-las quando for necessária uma resposta direta delas. Engajar, portanto, diz respeito a dar significado ao que se espera das pessoas, para que elas respondam não só com suas entregas mas também com a consciência do valor que geram com essas entregas. Quando isso acontece, o que se vê são pessoas com um nível de consciência elevado sobre o que é preciso fazer, por que fazer e qual o seu papel no sucesso da estratégia.
E vamos combinar: se sentir parte, verdadeiramente, é muito melhor que apenas fazer parte.
Esta edição termina por aqui. Por favor, deixe seu comentário, crítica ou sugestão. Seu feedback é importante para nós. ;-)
Até a próxima!