Design Centrado no Humano: da mentalidade à prática.
O Design Centrado no Humano mudou a minha vida e a de muitas pessoas e organizações. E só está esperando uma oportunidade para mudar a sua.
IMPROVISO DA SEMANA
Por Rubens Aguiar, Managing Partner da DTG Brasil.
Meu primeiro contato com o design centrado no humano aconteceu em 2012 por intermédio de uma amiga que morava na Califórnia e que me enviou uma versão digital do Human Centered Design Toolkit, desenvolvido em conjunto pela IDEO, Heifer International e ICRW, sob o patrocínio da International Development Enterprise e da Fundação Bill e Melinda Gates.
O HCD Toolkit foi criado para ONGs e empresas sociais que trabalham com comunidades em situação de pobreza na África, Ásia e América Latina. Ele guia os usuários pelo processo de design centrado no ser humano e os apoia em atividades como desenvolver habilidades de escuta, realizar workshops e implementar ideias.
Diferente do contexto original para o qual esse kit de ferramentas foi criado, comecei a utilizá-lo em ambientes corporativos, procurando resolver problemas complexos que afetavam os negócios de algumas empresas. Gosto de relembrar a sensação de deslumbramento que cresceu em mim a cada aplicação. Descobrir o poder do design centrado no humano e da colaboração foi um divisor de águas. E, hoje, relembrando os inúmeros projetos em que o aplicamos, vejo quantas pessoas foram impactadas e tiveram suas vidas transformadas. Não é um exagero. Ao final de alguns projetos, já ouvimos depoimentos que nos surpreenderam tanto pela espontaneidade quanto pelo seu teor, mesmo já sabendo do que “o bichinho do design” é capaz de produzir nas pessoas. O participante de um projeto me disse, por exemplo, que “nunca mais foi o mesmo em uma reunião de projeto”, pois percebeu que o modo de trabalho empático e colaborativo que o design propõe o fez perceber o quão improdutivas eram as reuniões de que participava. E completou: “me mudou como pessoa”.
Nessa última semana, mais uma vez fomos presenteados por percepções dessa natureza, ao final de uma sessão de três workshops que realizamos em um cliente. Alguns participantes compartilharam o quanto foi valoroso poder divergir e convergir de forma estruturada e em um ambiente seguro e propício para tal. O que antes poderia se configurar em conflito, mediante o processo do design e nossa facilitação, virou um momento rico de trocas e crescimento coletivo. Os pontos de tensão foram tratados com transparência e maturidade e se transformaram em oportunidades de mudança.
Conversar com as pessoas, procurando compreender em profundidade os contextos em que queremos atuar, e reuni-las para definir com clareza seus desafios e, então, cocriar e prototipar as soluções, é um movimento poderoso que cobra um preço super em conta: quem experimenta não quer voltar atrás. O design centrado no humano desperta nas pessoas o melhor delas – o poder de empatizar e criar, juntas, o que é preciso para melhorar e transformar realidades. O resultado a gente conhece bem: negócios, empresas e pessoas transformados por uma mentalidade que se aplica na prática, cotidianamente, nos grandes e pequenos desafios.
BORA APROFUNDAR?
Em 2009, a IDEO projetou e lançou o HCD Toolkit. Em pouco tempo, uma comunidade de designers, empreendedores e inovadores do setor social o adotou, comprando e baixando mais de 150.000 cópias. Em abril de 2015, a IDEO.org lançou uma nova edição do HCD Toolkit, o Field Guide to Human-Centered Design. No link em destaque, você pode comprar uma edição impressa ou baixar gratuitamente uma versão em PDF. Dica: eu baixei o arquivo, imprimi e encadernei o guia, pois vira um material de consulta permanente.
BORA ESCUTAR?
É comum no processo criativo do design explorar possibilidades antes de definir uma solução. No Bora Escutar de hoje, digitei “design” na busca do Spotify e, dentre os resultados, surgiu a faixa Design, de 2020, da banda novaiorquina Gustaf. Sonoridade dos anos 80 e um jeito divertido de fazer música. Tem no Spotify, mas eu curti mesmo foi o vídeo oficial no YouTube.