Peso ou Impulso? Como você encara a inovação?
Com a tarefa de inovar em mãos, alguns líderes veem uma oportunidade empolgante; outros, um peso na rotina já saturada. Em ambos os casos, uma atividade a mais. Mas será que tem que ser assim?
IMPROVISO DA SEMANA
Por Ciso Lima, Managing Partner da DTG Brasil.
Todo líder já passou por isto: entre reuniões, metas e prazos, surge uma nova demanda – inovar. A ordem pode vir de cima, surgir como resposta à concorrência ou até mesmo de uma inquietação própria. O problema é que, na maioria dos casos, essa nova responsabilidade não substitui nenhuma das anteriores. Ela se acumula. E, de repente, a inovação deixa de ser uma oportunidade empolgante para se tornar uma sobrecarga.
O dilema é claro. De um lado, a inovação é reconhecida como essencial para a longevidade do negócio e para o próprio crescimento do líder. De outro, há uma sensação constante de estar fazendo "algo a mais" – algo que foge da rotina, que exige tempo extra, esforço extra, energia extra. Inovar parece uma exceção. E toda exceção, cedo ou tarde, se torna um problema.
Mas e se o peso não estiver na inovação em si, e sim na forma como ela é encarada?
Rotina vs. Exceção.
É natural que a inovação pareça um esforço adicional quando ela é vista como algo separado da operação do dia a dia. Se tudo continua funcionando da mesma maneira e, além disso, o líder e sua equipe precisam se dedicar a um projeto inovador, o efeito colateral será sempre a sobrecarga.
O ponto de virada está em entender que inovação não precisa ser um movimento alheio e brusco. Ela pode (e deve) ser integrada à rotina. Pequenas mudanças diárias geram impacto. A inovação não acontece apenas em grandes iniciativas disruptivas; ela se constrói no olhar atento para oportunidades, na experimentação gradual, no ajuste constante de processos e abordagens.
Isso exige não apenas uma mudança de mentalidade, mas também uma nova forma de organizar o tempo. Quanto espaço existe na agenda do líder para reflexão estratégica? Quanto do seu tempo está consumido por demandas operacionais e urgências diárias? A inovação não precisa competir com a entrega de resultados. Pelo contrário: quando bem distribuída no cotidiano, ela pode ser o que impulsiona a eficiência e cria novas oportunidades.
O equilíbrio possível.
Se inovação e rotina são tratadas como forças opostas, sempre haverá um conflito. Mas e se, em vez de sobrecarregar, a inovação pudesse liberar espaço? E se, em vez de ser um fardo, ela for justamente o que alivia a carga do que já não funciona tão bem?
Essa não é uma questão de mais ou menos trabalho. É uma questão de como se trabalha. Criar uma cultura onde a inovação não seja um evento isolado, mas sim um processo contínuo, é uma escolha. E sim, é um caminho possível.
Então, a pergunta que fica é: o que ainda impede a inovação de fazer parte do seu dia a dia?
BORA APROFUNDAR?
Dica de vídeo: quer entender mais sobre esse papel do líder inovador? Neste vídeo, Linda A. Hill, etnógrafa americana e professora na Harvard Business School, explica como a inovação não vem de gênios solitários, mas sim da liderança e manutenção de um processo coletivo contínuo.
Dica de conversa: quer conversar mais sobre esse assunto? Partilhar suas vivências e dúvidas? É só marcar um café virtual comigo. Vamos lá?
BORA ESCUTAR?
Assim como a inovação, o jazz pode ser integrado ao seu dia a dia, trazendo fluidez e estímulo sem precisar ser um evento à parte. Em "Speak No Evil" de Wayne Shorter (1966), temos uma mistura de estrutura e improviso, ideal para quem busca inspiração sem perder o foco.