Anota no Post-It: novo podcast da DTG Brasil estreia abordando Conversas Difíceis
Tema do episódio de estreia foi pauta na Design Thinking Conference e impacta indivíduos e organizações.
Oi, tudo bem?
Esta é a edição #25 da nossa newsletter.
Nunca na história falamos tanto e conversamos tão pouco. As redes sociais estão infestadas de mensagens que pouco ou nada se parecem com conversas. Falta escuta, sobra opinião. E quase nenhuma disposição para a troca, senão de ironias e ofensas. Nos ambientes físicos, a coisa não é muito diferente. Estamos cada vez mais isolados em nossos próprios mundos. Ficamos distantes não só pela ausência física, mas, principalmente, pela abstenção relacional. Nas palavras da psicoterapeuta belga Esther Perel, vivemos nossas vidas em permanente estado de atenção parcial, a que ela chama de “intimidade artificial”. Palestrante da última edição do festival SXSW, realizado em Austin, no Texas, Perel diz em matéria da Folha de São Paulo que “quando nos relacionamos com nossos amigos, amantes ou familiares nunca estamos 100% presentes. Nossa atenção está sempre dividida entre as pessoas e o nosso celular, mídias sociais, alertas de mensagem e assim por diante. Nesse contexto não é possível intimidade real.
As mídias sociais e nosso celular funcionam como anestesia seletiva para as relações humanas.
Queremos as partes boas do convívio, que são do nosso interesse, mas evitamos ao máximo atritos, conversas desconfortáveis, tédio etc.
Sempre que algo desconfortável começa a se materializar, partimos para o mundo confortável e controlado do celular, que nos distrai do que é verdadeiramente humano”.
No mundo corporativo não é diferente. Preferimos a mediação digital a estar presentes, de fato. Quem já não preferiu, por exemplo, enviar um e-mail a levantar da cadeira e trocar uma ideia com um colega de trabalho? Ou presenciou alguém dar mais atenção ao celular do que a uma conversa numa reunião presencial?
Conversar, assim, pode ser muito difícil, especialmente em alguns contextos e para algumas pessoas. E é sobre isso que falamos nesta edição, aproveitando o lançamento do nosso podcast Anota no Post-it, que traz o tema “Conversas Difíceis” em seu primeiro episódio.
Boa leitura :)
Uma revolução silenciosa
Por Rubens Aguiar
Outro dia eu eu me deparei com este tweet da instigante psicoterapeuta Louise Madeira:
Uau! Logo imaginei multidões nas ruas, nas casas, nas empresas… em silêncio. Uma revolução silenciosa desafiando opositores barulhentos e vaidosos. Sim, me junto à Louise e carrego o estandarte dessa luta. E não pense que o inimigo está apenas além das nossas trincheiras. É preciso enfrentar nossas próprias hordas e calá-las para abrir espaço ao outro. Se a vitória acontecerá no coletivo, a batalha será ganha dentro de nós. Marcharemos sem armaduras ou escudos, mas despidos de nossos orgulhos e preconceitos, com nossas vulnerabilidades escancaradas. Nossas armas serão a a humildade e a empatia. Uma revolução que não almeja a tomada de poder, mas sua partilha. Escutar primeiro, falar depois. Escutar verdadeira e ativamente. Acolher o que foi dito e refletir. Divergir, sem que isso represente conflito ou ruptura. Convergir para crescer e avançar. Se o inimigo lançar bombas, revidaremos com nossos ouvidos.
Quatro passos para transformar um conflito numa conversa
Joseph Grenny, autor do bestseller Crucial Conversations e fundador da plataforma de ensino Crucial Learning, escreveu um artigo na Harvard Business Review em que apresenta situações que podem sair do controle durante uma reunião e alguns passos para retomar o diálogo nessas situações. Vale a leitura do artigo completo mas a seguir vai um resumo do que ele diz.
Pode ser surpreendentemente fácil trazer ordem a uma reunião caótica se você souber como fazer isso. Mesmo que não haja pessoas gritando na sua reunião, talvez haja uma série de situações com as quais você precisa saber lidar para que a conversa evolua de maneira satisfatória. Ele dá alguns exemplos:
O Monólogo Mútuo. O conflito é mais aparente do que real. As pessoas disputam para serem ouvidas, repetindo seus pontos de vista com crescente intensidade. E você tenta compreender o por quê de toda aquela exaltação.
A Batalha dos Silos. Os membros de uma equipe lutam por recursos ou autoridade para promover seus próprios interesses.
A Agenda Subliminar. A conversa declarada é diferente da conversa real. Por exemplo: há uma discussão sobre a localização do escritório mas o que está em jogo é a distância de deslocamento de algumas pessoas.
A Confusão. O problema nem é tanto o conflito, mas a falta de ordem. A discussão muda de tópico para tópico sem resolução. O resultado é muito calor para muito pouca luz. E então alguém precisa colocar ordem.
A solução é oferecer aos participantes, como condutor ou facilitador da discussão, um processo confiável que permitirá que cada um seja ouvido. Grenny apresenta quatro passos para isso acontecer:
Interrompa o caos. Todas as emoções têm um ritmo. Emoções calmas como felicidade e conexão são lentas e intencionais. Emoções exaltadas como hostilidade e defesa são rápidas e confusas. O pulso acelera, os pensamentos correm e as palavras voam. Uma das melhores maneiras de mudar a emoção de um grupo é mudar seu ritmo. Ao tentar intervir, diminua o ritmo da fala. Você pode precisar elevar sua voz um ou dois decibéis para ser ouvido acima da algazarra. Mas uma vez que você atraiu a atenção, abaixe sua voz e fale mais lento. Por exemplo, você pode dizer devagar e com calma: “Pessoal, deixe-me apontar algo que estou percebendo”.
Mude para processar. Chame a atenção para o que está acontecendo de maneira prática. Isso ajuda de três maneiras: você dá aos egos e temperamentos uma chance de esfriar, mudando o assunto da discussão do problema imediato para o processo de solução do problema; você ajuda o grupo a suavizar os julgamentos uns dos outros, dando-lhes um inimigo comum: o processo ineficaz; você aumenta a maturidade da equipe convidando todos a assumir a responsabilidade de inventar um processo mais eficaz. Exponha o que parece estar acontecendo – sem atribuir culpas – e as consequências de continuar no caminho atual. Peça ao grupo para confirmar sua observação. Quando eles reconhecem explicitamente o problema do processo, eles se comprometem a apoiar a solução. Por exemplo, você pode continuar com: “Já estamos conversando há cerca de 25 minutos, repetindo muitos dos mesmos argumentos, mas não chegamos a lugar algum. Suspeito que poderíamos fazer isso por mais três horas e continuar no mesmo lugar. Alguém mais vê isso da mesma maneira?”
Proponha uma estrutura. Ofereça um processo que garanta que todos serão ouvidos e diminua o ritmo para conter as emoções. Em seguida, peça compromisso com isso. Por exemplo, você pode dizer: “Maria, acho que não estamos dando a você a chance de apresentar seus argumentos para a reforma do escritório. Que tal se nós ouvíssemos você primeiro? O resto de nós tentará reforçar seus argumentos até que você sinta que os entendemos de forma satisfatória. João, sugiro então que façamos o mesmo com sua visão de por que devemos adiar por mais três anos.
Honre o combinado. É provável que, mesmo com a nova estrutura, as emoções persistentes tentem romper os limites estabelecidos. Se isso acontecer, aponte a divergência e perguntar se eles querem continuar com o compromisso. Por exemplo, “João, você está começando a explicar por que reformar agora é uma má ideia. Acho que nosso acordo era permitir que Maria continuasse até que ela fosse bem ouvida. Você quer continuar com esse processo ou propor algo diferente?” Dado que a equipe comprou a estrutura, é provável que João se adapte à estrutura mais saudável – ou os outros na sala o encorajarão a fazê-lo.
Dudu Loureiro participa da Design Thinking Conference em Amsterdam e traz “conversas difíceis” para a pauta de novo podcast
Anota no Post-it é o novo podcast da DTG Brasil. Um espaço descontraído para conversas sobre temas que fazem parte do universo corporativo e do nosso dia a dia: inovação, design, estratégia, experiência do cliente, cultura organizacional e muito mais.
No primeiro episódio, nosso cofundador Dudu Loureiro compartilha suas experiências na Design Thinking Conference, realizada em Amsterdam, e fala sobre algo que muita gente evita, faz rodeios e às vezes até foge: as conversas difíceis. Durante o papo, que teve também a presença de seu sócio Rubens Aguiar, a dupla fala sobre o que pode caracterizar uma conversa difícil e o que pode ser feito para lidar bem com isso, sobretudo dentro das organizações.
Assista e ouça Anota no Post-it no YouTube e no Spotify.
Quer ajuda para facilitar conversas difíceis na sua organização? Mande uma mensagem pra gente.
Exemplos de conversas que a gente já facilitou:
• Equipes com dificuldade de integração;
• Tomadas de decisão estratégicas com visões divergentes;
• Distanciamento entre líderes e liderados;
• Cultura organizacional em silos;
• Falta de colaboração entre membros de um mesmo time;
• Alinhamento de times dispersos geograficamente
Esta edição termina por aqui. Por favor, deixe seu comentário, crítica ou sugestão. Seu feedback é importante para nós. ;-)
Até a próxima!